sábado, 19 de julho de 2008

Memorial aos Lanceiros Negros

‘...a vós bradamos degradados filhos de Eva
e a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas...’


A interpretação do Sítio de Porongos nos levou a imaginar o espaço propício à reflexão sobre a liberdade, a partir da perspectiva do Negro, trazido como escravo para esta terra, mas que ainda assim não perdeu o sonho e a esperança de uma nova vida. Livre.

Entre tantos tristes e vergonhosos episódios da história dos negros no Rio Grande do Sul e no país, o Projeto Porongos resgata essa infâmia quando a mesma adquire certa dimensão épica, ao encerrar tragicamente a notável contribuição dos negros na luta libertária dos Farrapos.


Através de uma visão pedagógica mais recente, este projeto oferece um forte marco referencial, ao propor a construção do Memorial e Monumento aos Lanceiros Negros. Mais do que a saga de um povo, a iniciativa traz consigo um maior visibilidade para amplos ideais de justiça e igualdade, eterno sonho e luta permanente dos povos, profissão de fé e vocação da humanidade; conceito que deverá nortear as propostas para a obra, nas suas diversas escalas de intervenção.

Memorial aos Lanceiros Negros - busca-se surpreender na sensação do percurso escondido pela mata até a chegada humilde, por baixo dos cerros, ao vale, que se abre para receber e fazer pensar mais sobre nossa condição humana. A edificação do Memorial insere-se como elemento coadjuvante na paisagem, dele visualizamos o conjunto de morros do sítio. Ao mesmo tempo em que ele protege também se abre nas linhas de pedra, onde a água que escorre lembra as lágrimas derramadas, e proporciona ainda outra surpresa ao ver reconstruído a figura de um Lanceiro Negro, numa perspectiva peculiar das esculturas abstratas, neste ponto de visualização único.

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